terça-feira, 29 de abril de 2008

VIOLÊNCIA SEXUAL CONTINUA NO DARFUR

Um relatório da organização dos direitos humanos, Human Rights Watch, conclui que violação e abuso sexual são prática corrente em Darfur.

Depois de cinco anos de conflito, mulheres e moças continuam a ser vítimas tanto de guerrilheiros rebeldes como de milícias e soldados do governo.

Nem as tropas de segurança Sudanesas nem as forças internacionais de manutenção da paz têm feito o suficiente para proteger as mulheres, acrescenta a organização não-governamental com sede em Nova Iorque.

O governo Sudanês negou que os seus soldados cometessem crimes sexuais e sugeriu tratar-se de uma manobra para desacreditar o Sudão.

"Estas alegações já são feitas há algum tempo e vêm agora à superfície, para pintar um retrato negro nosso", declarou Abdelmahmood Abdelhaleem Mohamed, embaixador do Sudão para as Nações Unidas.

O governo sudanês disse estar decidido a terminar a violência sexual, mas na prática, pouco ou nada foi feito.

Impunidade

A maior parte das vítimas tem medo de relatar os ataques e apresentar queixa; e quando o fazem, a polícia sudanesa não age.

Quanto aos soldados do governo sudanês, têm imunidade judicial nos tribunais civis.

"É a falta absoluta de lei e de ordem, e a impunidade", descreve à BBC Georgette Gagnon, diretora do departamento africano da Human Rights Watch.

"Estes homens armados, muitas vezes soldados, outras vezes, polícia, podem fazer o que quiserem a quem quiserem sem qualquer preocupação de serem apanhados ou castigados".

Nos primeiros anos do conflito, os ataques por parte das milícias pro-governamentais, Janjaweed, faziam parte de uma estratégia para aterrorizarem civis e forçá-los a abandonar as suas casas.

Mas a Human Rights Watch avisa que há uma mudança de padrão, com os abusos sexuais e violações a ocorrerem tanto em períodos de calmaria como durante os ataques às aldeias e vilas da região.

Mais capacetes azuis

As mulheres vêem-se obrigadas a aventurar-se fora dos campos para apanhar lenha, e são atacadas nas fronteiras dos campos de refugiados.

A Humans Rights Watch apela a uma maior patrulha dos campos de deslocados e ao aumento das forças de manutenção da paz, visto que a presença das tropas internacionais aparentemente inibe os ataques.

O presidente Bush prometeu, durante o Fórum das Nações Unidas, o envio de mais capacetes azuis.

O aumento de mulheres nas forças policiais é outra medida apontada pela Human Rights Watch, que pede também maior sensibilidade para lidar com as vítimas.

A violência sexual tem sido uma constante no Darfur e é já uma marca característica desta catástrofe humanitária.


fonte: BBC